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Os 70 anos do suicídio de Getúlio Vargas e sua repercussão em Cordeirópolis

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ARTIGO (Foto: Reprodução)

Neste 24 de agosto completam-se 70 anos da morte de Getúlio Dornelles Vargas, enquanto exercia o cargo de Presidente da República, que governou o Brasil entre 1930 e 1945 e 1951 e 1954. O país inteiro certamente deve ter ficado chocado com a notícia de sua morte. A fonte disponível, neste texto, são os livros de Atas das sessões da Câmara Municipal, que estão disponíveis no site do Legislativo, de onde colhemos subsídios para este artigo, que foi publicado pela primeira vez há quinze anos.  No dia 27 de agosto de 1954, três dias após à morte do presidente, a Câmara realizou uma sessão extraordinária com o objetivo de votar um projeto que autorizava a venda dos terrenos da antiga “Amoreira”, recebida em doação do Governo do Estado. Esta sessão foi presidida pelo vereador Pedro Antonio Hespanhol, sendo secretários Armando Pinke e Paulo Simões. Estavam também presentes Aristeu Marcicano (prefeito entre 1949 e 1953), Antonio Rosolen, Durval Alves, Ismael de Camargo, José Mascarin, Manoel Pereira dos Santos e Mario Zaia. Ao iniciar a sessão, o presidente da Câmara comunicou a morte de Getúlio Vargas,lamentando seu desaparecimento em tão trágicas condições. As bancadas do PSD (Partido Social Democrático), de Aristeu e do PDC (Partido Democrata Cristão), de Armando Pinke, requereram que fosse consignado em ata um voto de pesar pelo falecimento do presidente, suspensão da sessão e envio de ofício à viúva, d. Darcy Vargas, apresentando condolências. Este requerimento foi subscrito pelos citados líderes e pelos vereadores Rosolen, Manoel P. dos Santos, José Mascarin e Paulo Simões. Em seguida, o vereador Mario Zaia, do PTB, requereu que se telegrafasse à família enviando votos de pêsames. O vereador Aristeu Marcicano, ao justificar o requerimento, disse que ninguém esperava que, da crise político-militar que atravessava o Brasil resultasse essa morte brusca do Presidente Vargas; que foi com verdadeira perplexidade que o povo recebeu a notícia; que ninguém queria acreditar, porque o povo achava que o Presidente não precisava usar este meio violento, pois em muitas outras ocasiões dera provas de grande coragem para enfrentar as situações. “Infelizmente, a notícia foi confirmada, para tristeza nossa e do Povo Brasileiro”, completou. Fez uma biografia do falecido, desde a sua vitória na revolução de 1930, passando pela revolução de 1932, pelo seu período constitucional, entre 1934 e 1937, até sua deposição pelas Forças Armadas em 1945, o seu retorno em eleição democrática e seu suicídio. Comentou que não poderia ser dito que o seu governo tenha sido ideal, pois basta ser humano para que se tenham defeitos. Sugeriu, então, que a sessão fosse somente de homenagem ao grande político tragicamente falecido. O vereador Armando Pinke, por sua vez, disse que “no dia 24 do corrente, quando faltavam dez minutos para as nove horas, a população de Cordeirópolis foi alertada com a trágica notícia, mais tarde confirmada”. Comentou que os momentos que sobrevieram foram estarrecedores, pois os corações de todos se encheram de tristeza e de luto. Destacou, segundo sua ótica, duas grandes glórias do presidente: as leis sociais e a instituição do voto secreto e afirmou, finalmente, que o povo não poderia esquecer Getúlio Vargas. O líder do PSP, Durval Alves, se associou às homenagens prestadas à memória do Presidente Getúlio Vargas, dizendo: “É um dos maiores brasileiros que desaparece. Getúlio Vargas morreu, mas viverá em espírito nos corações de todos”. Mario Zaia, do PTB, expressou sua satisfação ao constatar que as diversas bancadas são unânimes em prestar as suas homenagens e em nome da sua, também se associou a elas. Finalizando a discussão do requerimento, o vereador Aristeu Marcicano disse que iriam ser celebradas missas em sufrágio de sua alma e que hoje não era possível votar o projeto, pois tudo teria que ser encaminhado no sentido de serem prestadas homenagens à memória do grande Presidente Vargas. Votado e aprovado o requerimento, foi suspensa a sessão, em memória do ilustre falecido. Três dias depois, foi convocada uma sessão extraordinária para proceder à votação do projeto de loteamento das “Amoreiras”, interrompido com os acontecimentos de 24 de agosto. Neste dia, compareceu ao recinto da Câmara uma Comissão de Operárias da cidade, composta por Maria Hilda Buso, Regina Panhoca Thirion, Janete de Godoy, Maria de Lourdes Silva e Maria do Carmo Araújo, que entregou memorial ao presidente solicitando que fosse dado o nome de Presidente Vargas a uma das ruas de nossa cidade, oferecendo a placa inaugural. Em seguida, os vereadores Mario Zaia, Durval Alves e Ismael de Camargo apresentaram requerimento, apoiado pelos vereadores Braz Della Coletta, Aristeu Marcicano e Armando Pinke, sugerindo dar o nome de Presidente Vargas a uma das ruas de Cordeirópolis. Em 9 de maio do ano seguinte, este requerimento foi transformado em projeto de lei, que dava o nome do falecido ex-presidente à rua nova aberta no loteamento municipal. Votado e aprovado em 9 de setembro, foi remetido à sanção do então prefeito Cássio de Freitas Levy, que a transformou na Lei nº. 116, de 14 de setembro de 1955, dando o nome à então Rua Presidente Vargas. Pela Lei nº 206, de 26 de novembro de 1958, foi oficializada a transformação da rua em Avenida, com a mesma denominação. (POR PAULO TAMIAZO) 

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